Em maio eu recebi um texto a mim enviado por um estudante de Magé e aqui publiquei sob o título de “Relato de um jovem (insatisfeito)” e com um pedido meu para que os jovens refletissem sobre as colocações desse aluno de uma escola da rede publica. Ontem à tarde estive por lá e tive a satisfação de conhecê-lo. Ele sabe muito bem o que quer da vida. Conhece os problemas de sua comunidade e sonha com dias melhores. Enquanto muitos marmanjos se calam acomodados, ele põe a boca no mundo. Diz o que pensa com a coragem de um homem e os anseios de um menino.
“Moro em Magé há 16 anos. Passei toda a minha vida aqui. Amo a minha cidade mesmo com todas as suas mazelas, mas vejo que se a situação que nós mageenses vivemos agora continuar nos próximos tempos, se Deus quiser irei embora!”. Lembram-se disso? Foi ele quem escreveu. Também disse: “Sinto orgulho de minha cidade, mas ao mesmo tempo sinto vergonha! Sinto orgulho de sermos a cidade com a 1ª Estrada de Ferro do Brasil, sinto orgulho de termos uma natureza espetacular, sinto orgulho de ter nascido aqui o gênio das pernas tortas. Por outro lado sinto vergonha. Às vezes evito até dizer onde moro...”.
Consciente, o jovem estudante também afirmou em seu texto: “A política do ‘pão e circo´ é fenomenal. Faz com que as pessoas (as que não são instruídas) acreditem que tudo está ‘as mil maravilhas´, que a cidade vive um momento único, que o progresso bate a nossa porta. Senhores, o progresso bate a nossa porta? Pode até bater, mas quando bate sempre tem a politicagem mageense pra expulsar!”
O jovem que ontem conheci pensa assim mesmo. Que bom! Mas melhor seria que se esse pensamento fosse coletivo, se todos os que se indignem com os desmandos, com a falta de respeito para com os cidadãos que pagam os impostos que sustentam essa máquina emperrada pelos interesses dos que governam, tivessem a coragem desse menino que já desponta grande por conta do senso de responsabilidade social que trás consigo. Rapaz, a alegria que você demonstrou ontem ao me abraçar tem o mesmo tamanho da sinceridade contida na frase final desse texto. Muito obrigado por você existir.
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