Uma vez ouvi um dos grandes líderes das Assembléias de Deus no Brasil, dizer que os evangélicos não deveriam se envolver com política e que o verdadeiro cristão deveria passar bem longe dessa prática. Não sei se ele estava certo ou errado quando disse isso, mas é a opinião de um grande homem e eu respeito. Lembrei-me disso por causa do comportamento ditatorial e absurdamente antidemocrático da prefeita de São Gonçalo, a evangélica Aparecida Panisset, que usa a Bíblia – de acordo com sua interpretação pessoal – no lugar da Constituição e assim vai discriminando as demais religiões, passando por cima da liberdade de culto. O comportamento dessa senhora, cuja administração é marcada por denúncias de corrupção e improbidade administrativa, me faz ver que o poder e a religião realmente não podem caminhar juntos.
Aparecida atribui à Deus a sua eleição para prefeito em 2004 e também credita a ele sua reeleição quatro anos depois. Deus não tem nada a ver com os atos dessa prefeita e não me venham querer atribuir à vontade dele as irregularidades verificadas em investigações e denunciadas à Justiça pelo Ministério Público. Uma dessas denúncias, por exemplo, dá conta de que a prefeita liberou cerca de R$2 milhões, em 2005, para igrejas desenvolverem trabalhos sociais. O MP apurou que os cursos que essas instituições deveriam ministrar não aconteceram e abriu processo contra a prefeita e essas igrejas. Sabem o que aconteceu? Surgiu um monte de pastores dizendo que se tratava de perseguição por parte da promotoria. De acordo com dados do Tribunal de Contas do Estado (TCE), a administração de Aparecida Panisset é uma das campeãs de irregularidades. Bem, mas aos olhos dela isso deve ser também mais uma “perseguição religiosa”.
A prefeita de São Gonçalo faz discursos com sustentação bíblica o tempo todo, mas a prática tem sido muito diferente. A última polêmica se deu por conta da derrubada de uma construção histórica, uma casa onde a Umbanda fora fundada em São Gonçalo. Bastava um ato da prefeita para que o tombamento da casa como patrimônio histórico fosse feito e a edificação preservada. Ela não o fez. Será que se nessa construção tivesse sido iniciada uma religião evangélica ela deixaria que fosse derrubada? Tirem vocês suas conclusões.
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