Vi de tudo na vida e já me reportei a fatos absurdos que jamais deveriam acontecer numa sociedade dita civilizada, mas são registrados no dia a dia por esse Brasil a fora. O fato ao qual me refiro agora me chateia bastante. É a situação de alguns portadores de necessidades especiais, que em vez de receberem cuidados, estão “cuidando” de suas famílias. Esses casos são muitos e vêm sendo acompanhados pelo Ministério Público em vários estados, inclusive na Baixada Fluminense e no interior. É triste, mas é verdade. Tem família de até cinco pessoas sendo sustentada por aquela pensão - que na maioria dos casos mão passa de meio salário míninimo - que o governo federal paga todos os meses para custear os remédios que o portador de necessidades especiais precisa tomar todos os dias. O dinheiro, que já não cobre os gastos do beneficiário, é usado para tudo, menos para atendê-lo.
No município de Belford Roxo, por exemplo, a educação é horrível, mas se tem uma coisa que funciona muito bem por lá é a Escola Albert Sabin, voltada para os alunos especiais. É toda custeada pela administração municipal e tem em seus quadros profissionais dedicadíssimos, que de vez em quando são obrigados a darem um jeito a mais por conta de um aluno em crise, pois está sem o medicamento há dias. Sabem por que isso? O dinheiro desse aluno especial está sendo usado para comprar o arroz e o feijão que sacia a fome da mãe de outros três filhos. Nessa escola são comuns os casos de convulsão e crises em sala de aula, reflexo da falta de cuidados em casa, mas a quem responsabilizar?
Enquanto a maioria das mães de uma criança especial dá grandes exemplos de amor, zelo e cuidados extremos, têm aquelas que em vez de cuidar, são “cuidadas” por esse filho, que acaba, em sua inocência, virando arrimo de família. Acho que esse problema é mais de consciência do que social, mas seja lá como for, é o retrato de uma sociedade onde os valores humanos passaram a ser outros.
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