Os freqüentes escândalos em postos do Departamento Estadual de Trânsito espalhados pelos municípios levaram o alto escalão do órgão a tomar uma decisão que vai irritar muita gente na Assembleia Legislativa: o Detran não vai mais aceitar indicação de pessoas de fora do órgão para chefiarem esses postos. Grande parte das unidades do Detran nos municípios fluminenses é comandada por gente ligada a parlamentares. Alguns deputados brigam pelas nomeações de seus apadrinhados e depois tiram o corpo fora quando surgem escândalos como o verificado ontem em nove cidades. Só em Paracambi, por exemplo, 20 pessoas foram indiciadas e 14 delas presas, inclusive o chefe, Ricardo Loroza Rezende, conhecido como Ricardinho do Posto, que, segundo a polícia, era o mentor do esquema naquela unidade.
Segundo uma fonte ligada à presidência do Detran, tem deputado que se sente dono dos postos do órgão, mas não assume a “propriedade” quando a bomba estoura. Um dos casos mais consistentes de interferência de parlamentares foi verificado há três anos em Rio Bonito, quando o deputado estadual Marcos Abrahão tentou evitar que corregedores entrassem no posto para fiscalizar. Em outubro o posto de Rio Bonito foi alvo da Operação Contramão II. Lá foram presos 13 funcionários e apreendidos R$ 145 mil em dinheiro. Só na casa do chefe da unidade, Francisco Furtado Pinheiro – que está foragido até hoje – a polícia encontrou R$ 120 mil.
De acordo com a fonte, até o final desse ano todos os chefes das unidades do Detran que funcionam nos municípios serão substituídos. A intenção é aproveitar o pessoal de carreira nesses cargos de comando. A gota d´água, disse a fonte, foi a operação de ontem quando 36 pessoas foram presas. Ao todo o Ministério Público indiciou 66 por falsidade ideológica, peculato e formação de quadrilha, sendo 20 de Paracambi e 46 em Araruama, onde o chefe era Nildo Sá Ferreira.
Segundo a denúncia do MP, Ricardo e Nildo “organizavam a atividade dos demais funcionários e arrecadavam o dinheiro recebido de motoristas que não submetiam seus veículos às vistorias”. Ainda segundo o MP o esquema de Araruama tinha uma base em São Pedro da Aldeia, onde o ex-subchefe do posto de Araruama, João Carlos Lanhas La Cava de Abreu, “mantinha atividades ilícitas”.
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