terça-feira, 29 de julho de 2008

Só em 2009

Já estou careca de dizer que o repasses para o setor de saúde em Nova Iguaçu triplicaram nos últimos três anos. De janeiro de 2005 até agora o governo federal repassou cerca de R$ 600 milhões para a Prefeitura investir na manutenção de sua rede e garantir o atendimento médico à população, mas tanto dinheiro não serviu para melhorar coisa alguma, a não ser para aumentar os ganhos dos grupos que controlam as Captar, Multiprof e Total Saúde da vida, cooperativas que estão, como dizia meu avô Isidro, “lavando a égua” nessa administração.

Também estou cansado de dizer que faltam remédios e até materiais básicos nos postos de saúde e nas unidades mistas. Falar do caos do Hospital da Posse então, é chover no molhado, mas não dá para ficar calado diante da cara-de-pau do prefeito Lindberg Farias que tem dito nas ruas que o setor de saúde será prioridade em numa possível segunda gestão sua.

Ele afirmou isso em 2004. Falva que a saúde não funcionava por causa da corrupção, porque dinheiro para isso havia. Então faço aqui uma pergunta: Se havia dinheiro naquela época e hoje o município recebe pelo menos três vezes mais, por que o setor continua não funcionando?

Com a palavra excelentíssimo senhor prefeito, Luiz Lindbergh Farias Filho.




Forasteiros organizados

Começou a chegar a Nova Iguaçu, no último final de semana, militantes petistas de várias partes do país. Vieram reforçar a campanha do prefeito Lindberg Farias à reeleição que anda muito fria. Uma mistura de sotaques espalhou-se pelos bairros esburacados pelas obras que foram iniciadas com promessa de conclusão, mas que acabaram paralisadas pela péssima mania que essa gestão tem de não pagar o que deve.

Um grupo com sotaque parecido com o ex-ministro José Dirceu esteve na região do Km-32 e andou espalhando por lá que a distribuição de lei – programa eleitoreiro como vários outros questionados pela Justiça – foi interrompido pelo adversário. Esquece-se, entretanto, de que se trata de uma ação da Prefeitura e que por tanto só poderia ser paralisada pela própria administração ou pela Justiça. Pelo que se comenta, esses forasteiros são funcionários de administrações petistas e do governo federal, gente que diz estar trabalhando de graça, mas custa caro aos contribuintes. Foram “emprestados” à causa do PT em Nova Iguaçu.

Se os forasteiros estão animados o mesmo não se pode dizer das poucas pessoas que estão nas ruas desfraldando as bandeiras de Lindberg. O desânimo, segundo elas próprias, é causado pela falta de pagamento.




sexta-feira, 25 de julho de 2008

Apostando no futuro

Lindberg Farias deverá filiar-se ao PDT para disputar

o governo do estado em 2010.


Membro da coligação “A Mudança não Pode Parar”, o PDT já dá como certa a filiação do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), caso ele seja reeleito. De acordo com uma fonte do partido, a aliança que firmou o nome da deputada Sheila Gama (PDT), como candidata a vice na chapa de Farias, foi feita com base num acordo nesse sentido. “Uma vez reeleito Lindberg sai do PT, entra para o nosso partido em março de 2010, ou até mesmo antes, renuncia o mandato, passa o comando da Prefeitura para a professora Sheila e candidata-se a governador do estado”, disse a fonte, que integra a comissão executiva do PDT no município.

Casada com o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Aluizio Gama, Sheila já tentou ser prefeita em 2002, quando foi derrotada logo no primeiro turno pelo hoje deputado federal Nelson Bornier, que está disputando a Prefeitura pelo PMDB. De acordo com a fonte do PDT, o esforço dos militantes da legenda em favor da reeleição do prefeito Lindberg Farias só está sendo possível porque os filiados e simpatizantes do partido apostam na possibilidade de o PDT voltar a governar a cidade. “Ninguém pode negar que o PDT tem uma presença forte em nossa cidade, que já teve três prefeitos eleitos através de nosso partido”, completou a fonte.

O primeiro prefeito do PDT em Nova Iguaçu foi Paulo Leone, eleito em 15 de novembro de 1982 para um mandato de seis anos. Leone acabou cassado por uma intervenção do governo estadual, que se baseou em várias denúncias de corrupção feitas pela Câmara de Vereadores. Depois de Leone veio Aluízio Gama, eleito em 1988. Gama foi sucedido por Altamir Gomes, eleito em 1992.

O prefeito Lindberg Farias e a deputada Sheila Gama não foram encontrados para falarem sobre o assunto.




quinta-feira, 24 de julho de 2008

Quem tem não está nem aí

“Quem tem fome tem pressa.” Me lembro muito bem da frase popularizada pelo PT numa campanha apoiada pela Igreja Católica. Pois bem, ao que parece, depois que chegou ao poder, o Partido dos Trabalhadores perdeu a pressa. É o que se pode ver no município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, um pedaço importante do Grande Rio. Nessa cidade o PT parece só ter pressa mesmo para fazer despesas, mas não para pagá-las. Tanto é assim que na mesa da chefe de gabinete do prefeito, Maria José Andrade – chamada pelos próprios colegas de “dama-de-ferro” – repousam vários processos de pagamento, alguns há mais de um ano. A maioria das obras que a Prefeitura divulga que “estão sendo tocadas a todo vapor”, foram paralisadas. As empreiteiras não recebem pelo serviço e a conseqüência disso é a fome dos operários.

Ontem voltei a ser procurado por gente que defende o prefeito Lindberg Farias com unhas e dentes. Tomei um chopinho com dois vereadores do bloco de sustentação do governo e eles externaram certo desespero com situação. Disseram-me que o pessoal da campanha não está recebendo. Eles me falam daqueles temporários que ficam nas ruas segurando bandeiras por uns trocados no final da semana. “Já trocaram duas turmas e o pessoal não recebeu ainda”, contaram. Aí me lembrei de outra coisa. Lindberg tem como companheira de chapa a deputada Sheila Gama (PDT) que declara um senhor patrimônio. Será que ela não podia meter a mão na bolsa e garantir pelo menos o lanchinho desse pessoal?

Também ontem encontrei um empreiteiro. O homem estava muito tenso. “Não adianta reclamar com o prefeito. Ele chama a Maria José diz para ela resolver o problema. Estou ouvindo isso desde fevereiro. Vou ter de parar de trabalhar. Terei de dispensar os trabalhadores, mas não tenho como indenizá-los”. Repetiu ele para mim lamentos que ouço com freqüência.

Esses fatos me fazem acreditar que o PT perdeu realmente a pressa e que só está mesmo interessado em mitigar a própria fome, porque a dos outros, o estômago do operário que não recebe, da moça e do rapaz que estão nas ruas panfletando e desfraldando bandeiras, não é problema dessa gente que se acha poderosa demais para se preocupar com “pequenos detalhes”.




quarta-feira, 23 de julho de 2008

A ingratidão do moço do Chevette velho

Hoje conversava com um amigo sobre o que pode ser um sentimento ou um ato: ingratidão. Lembrei-me, então, de uma figura que muito admirava: o deputado Ulisses Guimarães, que costuma dizer que “o dia do benefício é a véspera da ingratidão”. Depois passamos a falar das agruras de um amigo comum: o grande Chico Leite, um publicitário que durante muitos anos trabalhou nas emissoras de televisão do Rio e depois se transferiu para Rio das Ostras, onde, dizia, iria descansar... Pois é, descansou mesmo. O coração o traiu e ele se foi. Este jornalista foi um dos últimos a conversar com o velho e bom Chico Leite e dele ouviu, nesse encontro derradeiro, um desabafo.

Chico era secretário de Turismo na gestão do primeiro prefeito do município, Cláudio Ribeiro. Um certo dia ele conheceu um rapaz que chegara a cidade num Chevette caindo aos pedaços, que muito mais que um meio de transporte, servia a esse rapaz como dormitório. O bom e velho Chico, sempre paternal, compadeceu-se do rapaz e apressou-se em lhe arrumar um ganha-pão. Chamou o prefeito e deu a idéia.

- Tem um moço que acabou de chegar na cidade. Ele namora uma menina muito esforçada também. Ela trabalha como pintora de faixas e abre letras muito bem. Quero sua permissão para dar trabalho a ele.

O prefeito concordou e o recém-chegado passou a pintar latões. A cor era azul-marinho. Ela, a namorada, encarregava-se das letras. Os velhos latões transformaram-se então em receptores de lixo. Foram espalhados cidade a fora e o recém-chegado teve seu primeiro emprego na cidade.

O tempo passou. Claudio foi assassinado e a Prefeitura passada ao contrário da vice-prefeita. A administração foi um desastre. Chegou 1996 e Alcebíades Sabino foi eleito prefeito e viu no ex-pintor de latões um grande futuro. Acabou nomeando-o no primeiro escalão e moço fez carreira rápido. Chico tinha uma mágoa profunda: o moço nunca mais olhou para quem lhe abriu as portas da cidade.

Talvez Chico não mais exista na memória desse moço, que também não deve ter nem vaga lembrança do Chevette velho, mas muitos em Rio das Ostras se lembram muito bem dessa história e entendem que esse moço fora mesmo muito ingrato com o bom e velho Chico Leite.